A Chapada Diamantina

A Chapada Diamantina

O Parque Nacional da Chapada Diamantina abrange uma área de 152.575 hectares(ha) e está situado na Serra do Sincorá, que faz parte da Cadeia do Espinhaço. Ele fica no centro do estado da Bahia e abrange 5 municípios: Lençóis, Palmeiras, Andaraí, Mucugê e Ibicoara e sua sede fica na cidade de Palmeiras. A região considerada a Chapada Diamantina vai muito além do Parque Nacional, englobando outros municípios e diversos atrativos para visitação. A maioria dos tours de 1 dia se dão fora do parque nacional, em propriedades privadas, sendo passível a cobrança de taxa de visitação. Já os trekkings são dentro do parque nacional, com caminhadas longas por locais maravilhosos.

Responsabilidade do Viajante

O viajante tem a responsabilidade moral de avaliar o comportamento do seu guia em relação à todos os cuidados que envolvem a condução de visitantes, como cuidados com o meio ambiente, com os viajantes e com tudo que envolve a higiene em um ambiente natural. Caso ele veja algum comportamento inadequado do guia, ele deve chamar a atenção do mesmo e fazer reclamação junto às autoridades competentes.

Chapada Diamantina: As Cidades e Vilas

Lençóis

A cidade de Lençóis, na região norte do Parque Nacional da Chapada Diamantina, é a que mais recebe turistas já que possui melhor infraestrutura para atendê-los e fica a 420 km de Salvador. Seus casarões históricos foram transformados em pousadas, restaurantes, agências e outros serviços. Alguns passeios e treks tem Lençóis como base, como Marimbus, Fumaça por baixo, Mixila, Cachoeira dos Mosquitos, Serra das Paridas, Rio Mucugezinho + Poço do Diabo, Morro do Pai Inácio, Grutas da Fumaça, Pratinha, Torrinha e Lapa Doce.

Palmeiras e Vale do Capão

Também ao norte do Parque Nacional da Chapada Diamantina, no município de Palmeiras, temos a vila do Vale do Capão. Tanto Palmeiras como o Vale do Capão contam com estrutura de pousadas, restaurantes, agências de turismo, mercados, padarias, etc. A estrada até Palmeiras é asfaltada. Da cidade até a vila do Vale do Capão a estrada é de terra, muitas vezes bastante esburacada devido ás chuvas, por isso a distância curta pode tomar um tempo maior de trajeto pela lentidão do deslocamento. O Vale do Capão é uma das entradas para a famosa trilha do Vale do Paty. Também é a vila mais perto da famosa Cachoeira da Fumaça e da linda trilha de Águas Claras. Nesse município há atrativos como o Morro do Pai Inácio, Morro do Camelo, Campos de São João e outros.

Na região central do Parque Nacional da Chapada Diamantina há as cidades de Andaraí, a 450 metros de altitude e Mucugê, à 1.000 metros de altitude. São muito próximas (40 km pela estrada). Mas devido ao grande desnível, o clima entre elas é muito diferente.

Andaraí

Andaraí é uma das portas para o paraíso do Vale do Paty, trek mais famoso da chapada, além de ter a bela Cachoeira do Ramalho. A cidade não conta com muita estrutura turística, sendo carente de restaurantes sofisticados, por exemplo.

Mucugê

Mucugê é o município com maior área dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina, com alguns atrativos como o Cemitério Bizantino, o Projeto Sempre Viva (que conta com o Museu Vivo do Garimpo, a Cachoeira da Piabinha e a Cachoeira do Tiburtino), as cachoeiras do Cardoso, Funis, Andorinhas, Três Barras e Cristais. A cidade conta com boas pousadas e restaurantes para acolher os viajantes.

Igatú

Entre essas duas cidades (Andaraí e Mucugê) tem a vila de Igatú, famosa por suas ruínas e por ser bucólica, encravada na serra, tendo somente aproximadamente 500 habitantes. Pousadas charmosas e bons restaurantes a transformam no lugar ideal para aqueles que querem pouco movimento e uma vida pacata. Nessa vila é possível visitar um antigo garimpo de diamantes, bem como ruínas de habitações dos tempos de povoamento e extração de diamantes. Há também a Rampa do Caim, um lindo mirante onde é possível observar o encontro dos Rios Pati e Paraguassú e toda sua beleza ímpar.

Guiné

Na face leste da Serra do Sincorá há a vila do Guiné, pertencente ao Município de Mucugê, que é outra porta de entrada para o Vale do Paty. A Serra do Esbarrancado molda um visual perfeito com suas belas escarpas para quem vai começar a caminhada do Vale do Pati. Há poucas pousadas e todas bem simples, assim como restaurantes.

Ibicoara

No extremo sul do parque nacional da Chapada Diamantina temos a cidade de Ibicoara. De todas acima é a única que não conta com edifícios históricos, com um centro urbano que não chama a atenção. Mas da cidade a vista já é um espetáculo, com a Serra do Sincorá crescendo do chão às nuvens, formando um lindo paredão. Além das cachoeiras do Buracão, Fumacinha, Licuri, Véu de Noiva e Rio Preto, um dos melhores atrativos da cidade é a zona rural e o jeito como se vive por lá. O contato com a roça é intenso e as opções de hospedagem são simples e aconchegantes, todas encravadas em vales profundos no sul da Serra do Sincorá.

A região da Chapada Diamantina é bem maior que a Serra do Sincorá, que abriga somente o parque nacional da Chapada Diamantina. À oeste do parque nacional há um outro prolongamento da Cadeia do Espinhaço, que tem inclusive os picos mais altos do nordeste do Brasil. Essa serra termina no vale do Rio São Francisco. As cidades de Rio de Contas, Abaíra, Piatã e Livramento de Nossa Senhora ficam nessa região.

O mapa abaixo divide o estado da Bahia em regiões. Observe que a região da Chapada Diamantina está no centro do mapa e o Parque Nacional da Chapada Diamantina está em destaque.

Mapa da Bahia- Parque Nacional da Chapada Diamantina
Mapa do estado da Bahia com o Parque Nacional da Chapada Diamantina em destaque

Fonte: http://www.bahia.ws/mapa-bahia/chapada-diamantina

Clima e Relevo

O clima da Chapada Diamantina é tropical semi-úmido, embora em algumas regiões predomine o semi-árido. A altitude varia, já que o parque é uma região de montanhas. Portanto, para entrar no Parque Nacional da Chapada Diamantina é necessário subir a serra, já que as cidades estão abaixo das montanhas. A média da altitude dentro do PNCD é de 1.000 metros, porém os lugares mais baixos estão a 440 metros e os mais altos a aproximadamente 1.600 metros de altitude. Fora do Parque Nacional da Chapada Diamantina (a oeste) está o pico mais alto do nordeste brasileiro, o Pico do Barbado, com 2030 metros de altitude.

A imagem de satélite abaixo mostra a metade norte do Parque Nacional da Chapada Diamantina, entre as cidades de Lençóis e Palmeiras (extremo norte) e Mucugê (centro). Essa região é onde se concentram a maioria dos treks, como Fumaça, Mixila e Vale do Paty.

Clima e Relevo da Chapada Diamantina

Imagem de Satélite- Parque Nacional da Chapada Diamantina

Fonte: http://www.oocities.org/br/isrcl/satelite.jpg

Vegetação e Geologia

O Parque Nacional da Chapada Diamantina fica em uma região de transição de biomas, por isso abrange áreas de cerrado, caatinga, campos rupestres e matas de altitude. E o mais impressionante é conhecer de perto a mistura desses biomas que formam uma das mais exuberantes paisagens do Brasil. Há espécies de plantas endêmicas que se misturam com outras e formam um belo cenário que somente quem visita a região conhece. Bromélias, Orquídeas, Sempre Vivas e Canelas de Ema são plantas abundantes e facilmente encontradas nos passeios.

Canyon Fumacinha

Canyon do Riachão das Pedras- Parque Nacional da Chapada Diamantina

Dentro do parque, as rochas mais frequentes são sedimentares, como conglomerados, argilitos, siltitos, arenitos e quartzitos, dominando a região das serras. Em volta do parque há rochas calcárias, rochas glaciais e sedimentos gnáissicos primitivos. Com menos incidência há também os sedimentos recentes e rochas vulcânicas.

As paisagens montanhosas do Parque Nacional da Chapada Diamantina e seu entorno foram formadas pelo fenômeno chamado soerguimento, que ocorre quando pressões que vem de dentro da crosta terrestre acabam elevando parte da superfície. Por fim o tempo é outro responsável pelas belas paisagens, já que ele causa erosão, mudando-as através de chuvas e ventos.

Apas e Parques Municipais

Com 125,4 mil hectares a APA Iraquara-Marimbus engloba 5 municípios: Lençois, Andaraí, Palmeiras, Iraquara e Seabra. Foi criada em 1993, com o objetivo de garantir a conservação de áreas naturais ameaçadas pela ocupação humana indevida e assim, proporcionar aos turistas uma possibilidade de conhecer a beleza da região.

A parte norte, em Iraquara e Seabra é a região das cavernas calcarias. Já Palmeiras é a região dos morros mais famosos, como o Morro do Pai Inácio e o Morro do Camelo, onde o fluxo de turistas é intenso e há roteiros diariamente. Já na região de Lençóis e Andaraí é a área chamada de Marimbus, também conhecida como mini-pantanal.

No Marimbus, os rios Santo Antônio, São José e Utinga recebem águas das serras do norte do parque nacional, dentre elas dos rios Mucugezinho, Preto, Capivara, Roncador, Caldeirão e Garapa e formam a paisagem que atrai muitos turistas em roteiros diários. O assoreamento causado pelas areias que desceram a serra por causa do garimpo provocou um grande impacto ambiental, formando praias e extensos areais.

Parque Municipal Natural da Muritiba

Na cidade de Lençóis temos o Parque Municipal Natural da Muritiba, que é um ótimo passeio para conhecer a história de Lençóis e aprender sobre a Geologia da região. É necessário pagar taxa de visitação e em área determinada é obrigatória a contratação de um condutor/ monitor ambiental.

Parque Municipal de Mucugê

O Parque Municipal de Mucugê, com 570 hectares, abriga o Museu Vivo do Garimpo, consolidando a identidade cultural do município, que foi a primeira cidade da Chapada Diamantina, onde foram descobertos diamantes, em 1844, iniciando o ciclo diamantífero na Bahia. Já no Projeto Sempre Viva, também dentro do parque municipal, é possível conhecer as cachoeiras do Tiburtino e das Piabinhas.

Incêndios Florestais (IF)

Um dos principais inimigos do parque e da natureza de forma geral é o fogo (IF). Sabemos que ele pode ocorrer naturalmente, porém para isso é preciso reunir alguns fatores, o que dificilmente acontece. Portanto, nos últimos anos as queimadas que ocorreram no parque foram causadas pelo homem. Muitos incêndios são propositais, sendo portanto um crime, e os responsáveis devem ser punidos. O órgão responsável pela fiscalização, prevenção e combate aos incêndios florestais dento do PNCD é o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICM-BIO). Nas áreas adjacentes ao PNCD o órgão responsável pela fiscalização, investigação e punição é o INEMA, através de denúncias do Ministério Público da Bahia.

O parque nacional não está regularizado, ainda ha questões fundiárias para serem resolvidas, e isso impede o ICM-BIO de fechar as portas do parque nacional para o controle da entrada e saída de pessoas. A questão fundiária também impede a criação da lei que obriga o viajante a contratar um guia credenciado para fazer as trilhas no interior do parque.

Se isso fosse possível, o guia seria responsável legal do grupo que está conduzindo por qualquer dano ambiental ou por um eventual atendimento médico, precisando conhecer bem as trilhas, pontos de apoio e procedimentos de primeiros socorros. Outros incêndios florestais, embora poucos, são acidentais e podem ser perfeitamente evitáveis. Cigarros devem ser apagados com cuidado e restos de vidro ou alumínio não devem ficar pelo caminho.

Para cozinhar, o guia deve usar fogareiros, pois fazer fogueira dentro do PNCD é crime!

Chapada Diamantina- Resumo da História

De acordo com FUNCH (2002), a história da ocupação por parte dos colonizadores e escravizados na região da Chapada Diamantina se deu com a exploração do ouro e do diamante. No início do século XVIII foi descoberto ouro na cidade de Jacobina, no norte da Chapada Diamantina. Inicialmente, na região de Jacobina, a exploração do ouro foi clandestina, mas a partir de 1720 foi finalmente liberada pelo Império. Depois de quatro anos foi liberada a exploração na região sudoeste da Chapada Diamantina, onde hoje esta situada a cidade de Rio de Contas. A exploração do ouro na Bahia se deu por mais dois séculos, já que no século XX elas começaram a se esgotar.

Já a exploração do diamante teve seu início por volta de 1730, mas foi feita de maneira ilegal e clandestina até 1832, quando foi liberada. Nesse meio tempo, foram descobertas jazidas e o caráter diamantífero da região foi reconhecido. Em 1844 um comerciante que viajava pelas vilas da região reconheceu o cascalho que sempre via na chapada velha quando andava na região de Mucugê.

Após algumas tentativas, encontraram diamante no córrego que corta a cidade, e então começaram a explorar a região. Não demorou muito até a notícia se espalhar e começaram a chegar muitos garimpeiros, povoando e alavancando as cidades da região.

Consequências

De Mucugê até o Morro do Chapéu (ao norte), o povoamento se intensificou e surgiram novas vilas, como Igatú, Andaraí e Lençóis.

Essa região que abrange os ciclos do ouro e do diamante ficou conhecida como Chapada Diamantina. Essa corrida de pessoas atrás da “riqueza fácil” que a exploração desses materiais proporcionava, também resultou em lutas políticas. Pessoas originárias do Planalto Central, do Vale do São Francisco, Minas Gerais e do Sertão Baiano se depararam com os originários do Recôncavo Baiano e até mesmo os portugueses que representavam a coroa.

Isso gerou muitos conflitos e junto com a decadência do garimpo ocorreu a disputa de poder na qual se destaca o Coronel Horacio de Mattos, um influente e aguerrido coronel proveniente da Chapada Velha, hoje Brotas de Macaúbas. Após conflitos e alianças, ele ganhou muita influência e poder político, e quando a Coluna Prestes passou pela região foi designado pelo Governo Federal a perseguir suas tropas. E assim o fez até a Bolívia.

Toda essa disputa de poder teve consequências, que somadas à queda da atividade do garimpo, deixou a região da Chapada Diamantina aniquilada economicamente. Com a vitória da Republica na Revolução de 1930 o Cel. Horácio de Mattos atendeu aos apelos de pacificação e entregou as armas. Uma vez desarmados, Horácio de Mattos e outros coronéis são presos e enviados à Salvador.

Sob protestos contra sua prisão, ele foi solto em 13 de maio de 1931 e foi assassinado dois dias depois a mando de familiares de uma vitima que ele fez no passado. Com a economia aniquilada e sem liderança política, a região da Chapada Diamantina entra em decadência e sua população começa a migrar para lavouras de café e garimpos em outros estados do Brasil.

Proibição do Garimpo de Diamantes

Com a proibição do garimpo, os habitantes da Chapada Diamantina tiveram que buscar outras alternativas para se sustentar. Surgiu, portanto, a atividade turística, e com ela vieram os conflitos de uma filosofia de preservação ambiental com a tradicional atividade do garimpo, que era responsável por uma degradação ambiental sem tamanho.

Até então não existia a ideia de preservação de meio ambiente, e a mudança que ocorreu a seguir trouxe novas pessoas, e com elas novas ideias de como exercer atividades em ambientes naturais minimizando o impacto ambiental. A partir dos anos 90, começaram a chegar à Chapada Diamantina turistas interessados nas belezas das montanhas, cachoeiras e outras belezas naturais. Sendo assim, a região da Chapada Diamantina pôde sair da decadência econômica que se encontrava.

Ainda é possível encontrar garimpeiros nas serras do parque, mas eles exercem o garimpo manualmente, sem a ajuda das dragas (motores) que antes auxiliavam nas escavações. Isso torna o trabalho desses garimpeiros mais cansativo e menos eficiente. Portanto, os que ainda hoje se arriscam para buscar diamantes não se adaptaram ao turismo como meio de sustento. Mas eles são poucos e geralmente idosos.

É importante lembrar que eles são os responsáveis pelas trilhas que a Extreme EcoAdventure caminha, já que são antigas trilhas usadas para a escoação do garimpo. A equipe dessa agência, incluindo o proprietário da Pousada Luar do Sertão (Marcelo Cardoso), foi responsável pelas expedições exclusivas em caminhos antigos usados pelos garimpeiros que estavam “abandonados” desde o fechamento oficial do garimpo (1996). Tais expedições tinham como objetivo reabrir essas trilhas antigas que cruzam as serras e passam por cachoeiras maravilhosas. O resultado dessa expedição foi a Trilha do Garimpo,https://www.extremeecoadventure.com.br/trekking/chapada-diamantina-trilha-do-garimpo-3-4-ou-5-dias-exclusivo trekking de 4 ou 5 dias.

Chapada Diamantina- Fauna

A caça é, assim como o fogo, um dos piores inimigos dos animais da região. Ainda hoje há caça ocorrendo nas áreas do parque e a falta de fiscalização ameaça a fauna. Hoje os relatos de grupos que vêem animais de grande porte não são frequentes. Os animais mais frequentes são: cobras, lagartos, gafanhotos, grilos, mocós (roedor), ouriços, saguis, morcegos, tatus e uma grande variedade de aves.

Referência Bibliográfica:
FUNCH, ROY. Livro Um Guia Para a Chapada Diamantina. Gráfica e Editora Nova Civilização Ltda, 2002

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